Jó 1.1-5
Introdução
No livro,
“Homens Fortes”, da Editora Fiel, o autor fala sobre a necessidade dos homens
assumirem sua liderança espiritual no lar. O livro é uma tentativa de despertar
os homens para a sua responsabilidade.
No início
do livro para demonstrar a falha da grande maioria em exercer a liderança
espiritual masculina, ele usa a seguinte ilustração, contando uma história:
Numa igreja pediu-se para formar duas filas. Numa havia um placa pedindo que se
alinhassem aqueles que não se consideravam lideres espirituais. Nesta a grande
maioria se colocou em pé. Na outra aqueles que se consideravam líderes de seus
lares. Nesta apenas um homem se posicionou. Perguntado para ele porque havia se
colocado naquela fila, ele respondeu: Não sei não, minha mulher disse para que
eu ficasse aqui e aqui estou.
Esta
ilustração serve para demonstrar o grande problema da liderança espiritual, ou
seja, de homens que não lideram espiritualmente seus lares. Consequentemente,
tal situação afeta a igreja e a sociedade. As mulheres tem assumido uma função
que não é de competência delas, isto porque muitos maridos não cumprem com seu
papel e lideram mal. A questão não é se somos lideres ou não, e sim se somos
bons líderes ou maus líderes. Não se trata de uma opção, ou seja, ser ou não
ser líder, mas se lideramos bem ou lideramos mal.
Creio que
o exemplo de Jó serve-nos de ajuda para aprendermos como liderar e sermos
despertados quando ao dever de exercermos efetivamente nossa liderança
espiritual.
Tenho me
convencido da necessidade de preparamos os homens da igreja para serem bons
líderes na família, como esposos e pais. Se quisermos na igreja uma liderança
consistente, precisamos preparar pais e maridos eficientes em seus papéis. Se
quisermos influenciar a sociedade, precisamos de líderes que se destaquem na
família e na igreja. Família forte, igreja forte e sociedade influenciada.
Vejamos o
que podemos aprender com Jó:
Sabemos pouco
acerca de Jó. Tudo indica que o autor desse livro fosse israelita, pois se
refere a Deus como Javé, o Deus da Aliança.
Devido ao
uso do hebraico clássico, é provável que o livro de Jô tenha sido escrito por
volta de 1500 a.C.
A
descoberta de fragmentos do livro de Jó entre os pergaminhos do Mar Morto
demonstra que Jó tenha sido escrito em tal época e não num período mais recente
como o século II a.C., como querem alguns.
O texto
que lemos pode ser comparado a uma carta de apresentação. O autor do livro,
antes de passar a falar do sofrimento de Jó, faz uma apresentação de quem ele era
no que diz respeito a seu caráter e suas posses e no que diz respeito à forma
como lidava com sua família.
Estas informações iniciais sobre a vida e caráter de Jó, servem para que
tomemos este servo de Deus como modelo a seguir, tanto no que diz respeito a
nossa vida pessoal, como no que diz respeito a nossa atuação como pais e
esposos.
É claro que o que temos para falar baseado na vida deste homem, não
aplica apenas aos homens, pode ser aplicado a cada crente, mas, de maneira mais
específica se aplica a homens, servindo-lhes de modelo de liderança familiar.
1. Aprendemos com Jó que a liderança familiar espiritual começa com o
caráter santificado – 1-3.
Um líder espiritual precisa antes de mais nada cuidar de si mesmo, para
que possa liderar sua família de forma adequada. A liderança espiritual começa
com o desenvolvimento de um caráter reto, santo. Ensinamos nossos filhos com o
nosso caráter. Um homem que se preocupa com o seu caráter espiritual irá saber
como conduzir-se diante de sua esposa e filhos.
Vejam o que é dito de Jó, de seu caráter como crente. São usados quatro
qualificativo para ele:
- Íntegro – Pessoa moral e eticamente pura
- Reto – Honesto, correto, direito.
- Temente a Deus - Obediente
- E que se desviava do mal – que evitava o mal, se afastava do que era
desagradável, que era contrário a lei de Deus.
Estas eram qualidades por meio das quais Jó era conhecido por Deus.
Vejam o verso 1.8; 2.3. O Senhor tinha Jó diante de suas vistas como um homem
reto, bom.
É claro que quando a Bíblia atribui a Jó e a outros servos do Senhor
tais qualidades, contudo, isto não significa que não fossem pecadores ou que
não pecassem. No entanto, Jó como servo do Senhor, seu caráter se destacava,
apresentando qualidades importantes. Características essas, dos servos de Deus,
fruto é claro da graça de Deus neles.
Jó era um pai, um esposo, um crente, preocupado com o seu caráter, com
sua vida. Ele era conhecido por Deus e certamente por todos ao seu redor, não
por algum defeito que possuía, mas, pelas qualidades que o distinguia das
demais pessoas. Muitas pessoas e até mesmo crentes, às vezes são apontados na
rua por alguém, sendo destacados os seus defeitos, falhas, pecados: “Olha lá,
quem passa ali, é o senhor sabe tudo” ou “Olha só a dona encrenca esta
chegando”. Jó era conhecido por suas qualidades.
Homem, marido e esposo, como você é conhecido pelas pessoas? O que dizem de você na igreja? O que
Deus diria acerca de seu caráter?
O texto nos mostra que Jó era abastado de bens possuía sete mil ovelhas,
três mil camelos, quinhentas juntas de boi e quinhentas jumentas, tinha também
numerosos empregados. Contudo, a despeito de tudo quanto possuía seu coração
não era dominado pelas riquezas, nem corrompido o seu caráter por elas. A
integridade de seu coração perante Deus pôde ser comprovada por meio de seu
testemunho, após perder seus bens e filhos, por causa de calamidades que
sobreveio sobre ele, como um teste, por ação de Satanás. Vejam os versos 1.20 a
22; 2.3, 10 e 42.7.
O que Deus requer de nós, não é que sejamos semelhantes a Jó, homens santos?
Em seu sermão da montanha Jesus nos diz que somos sal da terra e luz do
mundo. Vejam com que objetivo devemos nos esforçar para atuar como sal e luz:
Mateus 5.13-14. E Jesus diz que devemos espelhar a Deus, cf. Mt 5.48. Vejam 1
Pedro 2.11-12.
Como crentes devemos seguir o modelo de nossos irmãos do passado.
Devemos ser conhecidos por nosso caráter reto, justo, piedoso, que demonstre o
nosso compromisso com o Senhor.
Nós homens como servos do Senhor devemos servir de referência para a
Igreja, no que se refere ao caráter irrepreensível que devemos desenvolver.
Como pais e líderes espirituais, seja na família ou na Igreja e na sociedade,
devemos nos portar de tal forma que as pessoas percebam em nós um caráter
cristão que espelhe a Deus.
O caráter é importante para que nos revelemos como líderes espirituais
qualificados. A família precisa de homens que se preocupem com seu caráter, que
se esforcem por serem achados retos e íntegros. É claro que um caráter assim,
se forma aos pés da Cruz de Cristo. Homens relapsos nos exercícios espirituais,
descuidados dos meios de graças não terão um caráter assim.
Precisamos de famílias cujos líderes sejam retos, tementes a Deus, que
se desviam do mal, para que tenhamos na igreja líderes fortes. A igreja falha
quando na escolha de seus líderes negligencia isto, não procurando nos
escolhidos marcas de um caráter reto, íntegro diante de Deus. Erra quando faz
suas escolhas baseada em outras questões. Talvez baseando sua escolha na preferência
pessoal dos que votam. Lembremo-nos das exigências para escolha de diáconos em
Atos 6 e daquelas que Paulo apresenta a Timóteo em 1Timóteo 3.1-13.
Precisamos de homens fortes na família, e dentre esses homens precisamos
escolher nossos líderes, pastores, presbíteros, diáconos, líderes de sociedade.
Jô era um servo de um caráter irrepreensível. Deus o reconhecia desta
forma. Pensemos nisso e procuremos imita-lo.
2. Jó era um pai que liderava espiritualmente sua família, ou seja, ele
era um sacerdote de seu lar – v. 4-5.
Jó serve-nos de modelo não somente no que se refere a sua vida pessoal,
o cuidado que tinha com sua própria santidade, mas também, no que se refere a
sua vida familiar, na maneira como lidava com sua família. Ele era um
verdadeiro sacerdote de seu lar. Jó era alguém preocupado consigo mesmo e
também, preocupado com sua família.
Diz o texto que seus filhos tinham o costume de juntar-se e fazer
festas. Eles iam à casa uns dos outros e faziam banquetes. Ao que parece havia
harmonia e união entre eles.
Jó sabia que seus filhos eram pecadores, por isso, não se descuidava de
conduzi-los ao Senhor. Ao final das festas, chamava seus filhos, e os
santificava. Levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número
de todos eles.
Jó não fazia como alguns pais fazem que não conseguem suportar qualquer
reclamação que façam de seus filhos. Ele mesmo sabia que seus filhos podiam se
desviar e pecar, portanto, ele mesmo tomava providências para sanar qualquer
problema que pudesse surgir. Ele mesmo, antes que surgisse alguma notícia de
excessos e pecados, tomava medidas para santifica-los.
Na verdade, Jó, não permitia que seus filhos se esquecessem de Deus,
pois, ele sempre fazia uso dos meios de graça para ensinar a seus filhos a
retidão. Diz o texto que continuamente procedia dessa forma, não descuidava de
seus filhos.
Em outras palavras, seus filhos eram sempre conduzidos à Cruz de Cristo,
pois, os sacrifícios representavam aquele que viria morrer por seu povo. Jó era
um pai interessado no progresso espiritual de seus filhos e não descuidava
disso. Ele fazia uso do princípio que tempos depois, Jesus ensinou a seus
discípulos, cf. Marcos 10.13-16.
Jó não fazia como alguns pais fazem. Alguns pais acham que providenciar
o sustento, o estudo para seus filhos é suficiente e se esquecem do primordial,
do espiritual.
Como eu disse ele fazia uso dos meios de graça para conduzir seus filhos
a Cristo. O sacrifício era um meio de graça, a intercessão, ou oração era para
ele um meio de graça.
Queria em especial chamar a atenção aqui dos homens da igreja, que são
maridos e pais. Geralmente o que notamos em muitas famílias, é a preocupação
das mães em cuidar para que os filhos estejam espiritualmente saudáveis. São
elas muitas vezes que se lembram de orar, de ler a Bíblia com os filhos, de
prepara-los para ir à igreja, enquanto que muitos dos pais, são relapsos. É claro que isso não é regra,
mas já vi isso acontecer muitas vezes.
Jó revela-nos com sua atitude um princípio Bíblico muito importante e
que muitas vezes passa-nos despercebido. O princípio que queremos ressaltar é
que no modelo de família criado por Deus, ou seja, na família da aliança que
tem como objetivo refletir o relacionamento de Deus com seu povo, o pai/marido
tem a responsabilidade de liderar o seu lar, sendo ele o cabeça. Sendo dele o
dever de liderar seu lar, é dele a responsabilidade de zelar pela saúde
espiritual de sua família. Em outras palavras é dele a priori o dever de educar
seus filhos nos caminhos do Senhor. É ele quem deve liderar a preocupação
espiritual com os filhos e não a mãe/esposa. Não estou dizendo com isso que a
mãe/esposa não tenha que ter preocupações nesse sentido. Ela deve ser a
auxiliadora de seu marido ajudando-o na educação de seus filhos. Vejam que isso
é diferente de fazer como muitas vezes acontece, quando é a mãe que se preocupa
enquanto que o pai, fica na rabeira, na retaguarda e muitas vezes não esquenta
muito a cabeça.
Em Colossenses 3.21 e Efésios 6.4, Paulo se dirigi aos pais, falando
sobre o dever de educar os filhos no Senhor. A palavra que Paulo usa que é
traduzida por “pais” não tem o sentido de pai e mãe, e sim é a palavra usada para
referir-se aos pais genitores masculinos. Ele está se dirigindo aos
pais/maridos, demonstrando assim, que a responsabilidade de educar os filhos no
Senhor é prioritariamente dos pais, ou seja, dos genitores masculinos, ou seja,
dos homens. Ele está refletindo o entendimento de que na família da aliança o
homem é o cabeça do lar, tendo a responsabilidade de conduzir seu lar pelos
caminhos do Senhor. Às vezes a mulher tem que assumir essa responsabilidade,
quando o marido está ausente, por algum motivo, ou quando o marido não é
crente. Por isso é importante que a jovem quando vai se casar procure um jovem
que seja crente dedicado, para que ele sabendo dessa sua responsabilidade atue
como cabeça do lar e conduza sua família nos caminhos do Senhor.
Notem que um dos requisitos daqueles que podem ser escolhidos como
presbíteros é que sejam bons pais, e bons esposos, governando bem o lar,
criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito. Vejam 1 Timóteo 3.4.
Jó era um bom esposo e um bom pai. Era um sacerdote de seu lar. Era o
líder espiritual de sua família. Ele tinha a convicção de que sobre ele a
priori caia a responsabilidade espiritual de sua família. Portanto, ele zelava
pela boa conduta espiritual de seus filhos.
Como maridos, pais, líderes, devemos imita-lo em sua conduta e caráter.
Conclusão
Meus irmãos, como temos sido conhecidos pelas pessoas ao nosso redor?
Temos sido modelo de um caráter irrepreensível? Temos demonstrado cuidado
espiritual por nossa família?
Todos nós crentes no Senhor Jesus, devemos tomar o exemplo de Jó e
imita-lo, mas de maneira especial e mais específica é dever do homem liderar
sua família pelo seu caráter e conduta, tendo a iniciativa de tomar as medidas para
que seu lar, filhos e esposa, sejam liderados espiritualmente.
Que os homens crentes sejam líderes irrepreensíveis no caráter e na
atitude de zelarem espiritualmente por suas famílias. Que sejam verdadeiros
sacerdotes no lar e na igreja. Lembrem que essa tarefa foi dada a vocês. Vocês
foram chamados por Deus para serem os líderes de seus lares e para que o sejam
também na igreja. Se tivermos homens fortes nas famílias da igreja, teremos
homens na liderança da igreja.