segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Fazendo de Coração a vontade de Deus

 


O apóstolo Paulo dirigindo-se aos servos (escravos) exorta-os a obedecer a seus senhores, na sinceridade no coração, ou seja, com coração íntegro, sem interesses egoístas, mas, no interesse da causa e em obediência a Cristo. Veja: “não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus” (Efésios 6.5-6).

A expressão “vontade de Deus”, não se refere a vontade secreta de Deus, ou seja, aquela que não conhecemos, e sim, se refere à vontade revelada de Deus nas Escrituras, ou seja, refere-se aos preceitos de Deus para a vida cristã. No contexto de nossa passagem, se refere a relação de servos para com seus senhores. A vontade de Deus para os servos era servir a seus senhores como cristãos comprometidos com Cristo Jesus.

“Fazer de coração”, significa, fazer com sinceridade, com integridade e sem interesses próprios ou egoístas. Aliás no texto citado, por duas vezes, Paulo recomenda essa atitude aos servos. “Fazer de coração”, opõe-se àquela atitude de “fazer por fazer”, ou, “fazer para cumprir apenas uma ordem”, ou “fazer apenas para manter a aparência”, o que revela a falta de sinceridade no coração.

É claro que o princípio recomendado por Paulo aos servos, não se aplica somente à relação entre servo e senhor, ou contextualizando, a relação entre empregado e patrão. Este princípio deve ser aplicado de forma ampla e não só de forma específica, como é expresso na passagem de Efésios 6.5-6. Ele se aplica a cada esfera de nossa vida cristã. Todo cristão deve fazer de coração a vontade de Deus, ou seja, com sinceridade deve obedecer a Deus e cumprir os seus preceitos em cada seguimento de sua vida. Seja no contexto familiar, ou, no contexto eclesiástico, ou, em qualquer outro contexto ou ambiente. Como cristãos não podemos ser hipócritas, ou seja, não podemos demonstrar algo externamente apenas, sem o ser de coração, como se estivéssemos interpretando um papel.

Seja você um servo de Cristo, que realiza a vontade de Deus em tudo e de coração, ou seja, não para manter a aparência de que o obedece, mas, sinceramente, de coração íntegro, com interesses legítimos e santos.

Não é justo?

 

“Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste.”

Salmo 119.75

 

Quando certas aflições vêm sobre nós, muitas vezes não reagimos adequadamente e questionamos se Deus está sendo justo, ao ordenar que tais situações nos alcancem. Questionamos se é justo passar por tal aflição. Será que Deus em sua sabedoria não teria ordenado tal situação equivocadamente? Por que eu Senhor? Por que de novo comigo?

Jó, ao que parece, quando afligido, fez questionamentos parecidos aos descritos acima. No momento de sua dor ele não conseguia entender o agir e o propósito de Deus em seu viver. É claro que no final do livro – que recebe o seu nome – tudo ficou para ele esclarecido. Jó percebe que havia falado demais e sem entendimento: “Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia” (Jó 42.3). Jó entendeu a lição e percebeu que tudo o que havia lhe acontecido, segundo o propósito e o agir santo de Deus, havia contribuído para o seu bem (Jó 42.5).

Deus é santo e o seu agir é justo. Devemos ter esta convicção, mesmo quando somos afligidos. Esta convicção nos ajudará a reagir adequadamente às situações de aflições que surgirem. Há muitas pessoas ressentidas com Deus, que se sentem preteridas, injustiçadas e esquecidas. Não acreditam que Deus possa ter um propósito em suas aflições. Tal atitude potencializa a dor e nos impede de crescermos e amadurecermos na fé.

O salmista diante de suas aflições declara: “Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste” (Salmo 119.75). Sua convicção é que apesar das aflições, Deus o afligiu com fidelidade. Ter esse entendimento, não eliminava a aflição, porém, certamente o encorajava a confiar em Deus, na certeza de que Deus não o havia esquecido ou preterido.

Que Deus nos conceda a mesma convicção do salmista. Nas aflições, entendamos que Deus as ordenou de forma justa e que sua fidelidade não foi anulada. Isto nos ajudará a enfrentar nas aflições com confiança em Deus.

Cidadãos de outra Pátria

 “...a nossa pátria está nos céus de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”

Filipenses 3.20

 

Há alguns anos, conheci um casal que morou nos Estados Unidos, por cerca de uma década e meia. Durante esse tempo, esse casal trabalhou e todo recurso que conseguiu economizar enviou para o Brasil, para construir aqui um patrimônio permanente. Embora vivesse em outro país, esse casal não se esqueceu de sua pátria de origem. O casal tinha casa, carro e trabalho (bens transitórios) na pátria estrangeira, mas sabia a que pátria pertencia, por isso, aguardava o dia de retornarem – o que de fato aconteceu.

A experiência vivida pelo referido casal, serve como ilustração de como devemos viver neste mundo. Enquanto vivemos neste mundo, devemos almejar o dia de retornamos à nossa pátria, à Pátria Celestial. Por isso, devemos nos esforçar por acumular “recursos”, não para permanecermos aqui, mas para retornarmos ao nosso lar pátrio (Mt 5.19-21).

Em sua carta aos filipenses, o apóstolo Paulo exorta seus leitores a viverem neste mundo, como estrangeiros, e desta forma, tal convicção deveria distingui-los dos cidadãos terrenos, cujas preocupações eram só terrenas e egoístas (Fp 3.19). Na mesma carta, em 1.27, Paulo diz: “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo”. A expressão verbal “vivei”, no original, significa: “portai-vos como cidadãos”. Somos exortados a nos portar como cidadãos de outra pátria. Em outras palavras, não podemos nos esquecer de nossa origem.

“A nossa pátria está nos céus de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”, por isso, não podemos nos acostumar com este mundo. Nossas “malas” devem estar sempre prontas para voltarmos ao lar.

Infelizmente, muitas vezes, entramos numa crise de cidadania. Nos sentimos muito à vontade neste mundo. Nos portamos como cidadãos naturalizados. Nossas expectativas são colocadas aqui. Nossas esperanças se voltam para cá e por algum momento pensamos até mesmo, que aqui é um bom lugar para vivermos permanentemente. Talvez seja por isso, que nossos batimentos cardíacos se alteram, quando vamos às urnas. Não que devemos ser indiferentes a tudo o que acontece aqui, porém, o sentimento de que a pátria que aguardamos é melhor, deveria fazer-nos esperar pelo retorno de nosso Salvador e viver nessa expectativa.

Que Deus nos ajude a não nos esquecermos que nossa Pátria está nos Céus, de onde aguardamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo!

Olhe firmemente para Cristo

 

Nos capítulos 11 e 12 de Hebreus, aprendemos sobre a fé. No capítulo 11 temos uma definição de fé e exemplos de servos de Deus que viveram pela fé. São vários exemplos de crentes que viveram no período do Antigo Testamento e que colocaram a sua fé em Deus e em suas promessas.

No capítulo 12 de Hebreus, o seu autor apresenta como é viver pela fé. Nos primeiros versos desse capítulo, o autor toma a figura de uma corrida que acontece em um estádio e a compara a vida cristã. Nessa corrida para sermos bem-sucedidos precisamos nos desvencilhar do pecado, “que tenazmente nos assedia”. Precisamos correr com perseverança, ou seja, assim como acontece em qualquer corrida, em que os corredores precisam perseverar e não desistir, assim, o mesmo deve acontecer na carreira cristã.

No verso 2 do capítulo 12, o autor dá outra recomendação e diz para olharmos firmemente para o Autor e Consumador da Fé, Jesus. Com tal qualificação dada a Jesus, o autor de Hebreus ensina que o Senhor Jesus se trata do modelo a ser seguido na carreira cristã. Ele é “o autor e Consumador da fé”, ou seja, foi Jesus quem inaugurou o caminho que trilhamos da fé, e ele mesmo é o fundamento desse caminho. Sendo assim, o sucesso que nos aguarda ao final dessa corrida, não depende de nós mesmos, mas de fixarmos os nossos olhos em Cristo Jesus.

Na corrida da fé, são muitas coisas que tentam fazer com que desistamos. Não se trata de uma corrida fácil. Às vezes, desviamos o olhar de Jesus, para nós mesmos. Outras vezes, somos desencorajados pelas circunstâncias, pelas lutas. Outras vezes damos ouvidos a voz do tentador, dizendo-nos o que devemos fazer. Quando essas coisas nos acontecem, precisamos erguer nossos olhos e fixá-los novamente em Jesus. Precisamos ouvir a sua voz. Precisamos de seu encorajamento e de seu “socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16). Jesus sim, deve ser o modelo a ser seguido e o fundamento de nossa vida cristã. Ele enfrentou a morte e a venceu. Ele enfrentou opositores e não sucumbiu à oposição (Hb 12.3).

Fixemos os nossos olhos em Cristo Jesus!

 

Deus é conosco e não nos desampara

 

“...como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem desampararei”.

(Js 1.5)

 

Depois da morte de Moisés, Josué foi chamado pelo Senhor para conduzir o povo de Israel para herdarem a terra prometida. Certamente esta era uma grande tarefa para Josué. Durante os quarenta anos no deserto ele havia acompanhado de perto a liderança de Moisés, o que serviu para forjar o caráter de Josué e fazer dele um líder. No entanto, isso não era suficiente para que ele fosse bem-sucedido em sua tarefa. Ele precisaria de algo maior.

O Senhor promete a Josué, assisti-lo, tal como havia feito com Moisés: “...como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem desampararei” (Js 1.5). Josué tinha um desafio à frente, que não seria realizado com base em sua força somente, mas com a ajuda e companhia do Senhor.

Temos aqui um princípio bíblico, ou seja, Deus sempre está com os seus servos, auxiliando-os e amparando-os diante dos desafios da vida. Seja no desenvolver de algum ministério para o qual ele nos chamou, ou no cumprimento dos preceitos de sua Palavra para vivermos uma vida santa, Deus se coloca ao nosso lado. Ele é conosco aonde quer que nos encontremos e diante da qual seja a situação. Deus nunca desampara o seu povo.

O Senhor Jesus, antes de ascender para o céu, encarregou seus discípulos de fazer discípulos de todas as nações, mas, semelhante a promessa que o Senhor fez a Josué, o Senhor Jesus promete estar com seus discípulos “todos do dias até à consumação do século” (Mt 28.20).

Deus é conosco e não nos desampara. Que tal promessa sirva-nos de encorajamento.

Recorra ao livro dos Salmos

 

O livro dos Salmos trata-se de uma fonte riquíssima, que temos ao nosso dispor, na luta contra a ansiedade e outras questões, que possam surgir em nossa caminha neste mundo tenebroso. Temos nesse livro, Salmos escritos por vários servos de Deus, em que retratam suas angústias e diversas experiências e demonstram por meio de tais escritos, como recorreram a Deus e receberam alívio.

Os salmistas diante de perigos, ou tristezas, ou em meio a dúvidas existenciais, ou mesmo quando pressionados por seus medos ou até mesmo pecados, recorreram a Deus e fizeram registrar suas experiências e por divina providência, tais escritos foram preservados e chegaram até nós, a fim de que nos servisse de auxílio e encorajamento. Que bênção para nós, podermos ler os Salmos e encontrar encorajamento para enfrentar nossas lutas e dessabores.

Comprove o que estou dizendo, ao ler por exemplo o Salmo 3. Este Salmo foi escrito por Davi quando fugia de Absalão, seu filho. Todos sabemos que isto ocorreu em consequência do pecado de Davi cometido com Bate-Seba. No entanto, apesar de tais consequências, Davi já havia sido perdoado pelo Senhor, e mesmo enfrentando as consequências de seu pecado, o salmista recorre a Deus e reafirma sua confiança no Senhor. Apesar da situação, na escrita do Salmo 3, Davi revela seu coração. Davi não se mostra aflito, nem tão pouco ansioso ou perturbado. Será que a leitura de um salmo como esse, não se torna oportuna quando somos pressionados por algum problema ou angústia? Será que Deus, por sua graça e poder, não pode falar conosco e nos encorajar ao ler esse salmo, quando enfrentamos circunstâncias angustiantes? Sim, é claro que sim.

A grande questão é que muitas vezes não recorremos à Palavra de Deus. Queremos uma outra solução ou não acreditamos que Deus possa usar a sua Palavra, ou de forma mais específica, o livro dos Salmos. Mas, não tenha dúvida disso, ou seja, que os Salmos estão na Bíblia, para nos encorajar e são parte da suficiente e poderosa Palavra de Deus.

Que Deus nos ajude nos ensinando a recorrer a sua Palavra e mais especificamente ao livro dos Salmos, como uma fonte riquíssima de recursos para enfrentarmos as nossas lutas e dissabores neste mundo.

“Não se irrite: isso só leva ao mal”

 

Salmo 37.8

 

Vivemos num mundo cheio de injustiça. Em cada esquina nos deparamos com ela. Assistimos os jornais e somos informados, que aquele criminoso que atentou contra a vida de alguém e de sua família, foi solto na audiência de custódia.  Enquanto a vítima ainda tentava se recuperar do trauma, o criminoso solto se preparava para fazer a próxima vítima.

É claro que tal situação é injusta, no entanto a nossa raiva ou indignação não nos fará bem, nem tão pouco servirá para mudar as coisas. Ao dizer isso não estou propondo que as coisas continuem como estão nem tão pouco que você viva de forma indiferente, mas precisamos entender que neste mundo, nunca encontraremos justiça, na expressão exata do termo.

O Salmo 37 nos aconselha, quanto a maneira como devemos reagir a injustiça. Certamente, a irritação contra o mal que aparentemente prospera, não é definitivamente a maneira como devemos reagir, pois, isso só nos leva ao mal (Sl 37.8). O Salmo 37 nos ensina que por mais que nos irritemos contra os malfeitores e o nosso coração seja tomado de ódio isso não nos fará bem e nem eliminará o mal e os malfeitores.

Confiar no Senhor, esperar nele e aguardar o seu juízo é o conselho que recebemos (Sl 37.3, 8-10). Às vezes, parece demorada a manifestação da justiça de Deus, mas, é mais sensato descansar na justiça divina do que na justiça humana. Dito de outra forma, a justiça de Deus não falhará, por isso não há razão para se irritar.

Que o ensino do Salmo 37 seja aplicado ao nosso coração, a fim de descansarmos e esperarmos no Senhor.