sábado, 30 de setembro de 2017

Precursores da Reforma Protestante: John Wycliff e John Huss



No artigo publicado anteriormente, falei sobre um movimento de protesto, surgido no final do século XII, os Valdenses. Hoje, quero falar sobre John Wycliff (1328-1384) e John Huss (1374-1415). Esses dois homens também contribuíram para que a Reforma Protestante eclodisse no século XVI e podem ser considerados seus precursores.
Wycliff era inglês, nascido em Yorkside, tornou-se padre e professor em Oxford. Favorecido pelo espirito nacionalista, que se desenvolvia na Inglaterra, Wycliff desafiou o poder papal, condenando o direito do papa de cobrar impostos da Inglaterra. Wycliff dizia que quando um papa aspira por poder humano e deseja ansiosamente cobrar impostos, não deveria sequer ser considerado um eleito. Entre seus ensinos, declarou que a Bíblia é a única e verdadeira regra de fé e prática. Como fruto desse entendimento, traduziu a Bíblia, da Vulgata (versão latina) para a língua inglesa, para que todo o povo inglês pudesse ter acesso a sua leitura. Para espalhar a Bíblia e divulgar seus ensinos, criou a ordem dos “sacerdotes pobres”, conhecidos como irmãos Lollardos. Wycliff morreu em 31 de dezembro de 1384, vítima de uma ataque cardíaco. Após sua morte, a Igreja católica conseguiu condená-lo por heresia e em 1428, seus restos mortais foram exumados e queimados.
Os ensinamentos de Wycliff influenciaram grandemente John Huss, que passou a ser um grande defensor e propagador de seus ensinamentos. Huss, era da Boêmia (hoje parte da República Checa), estudou na Universidade de Praga, onde mais tarde tornou-se reitor. Essa universidade recebeu estudantes de Oxford que difundiram os ensinamentos de Wycliff. As pregações de Huss coincidiram com o sentimento nacionalista da Boêmia, que desejava também se ver livre do controle da Igreja Romana. Huss, adotou as ideais de Wycliff. Defendia que o cabeça da Igreja é Cristo, que seus seguidores são os predestinados e que as Escrituras são sua lei. Muitos dos discípulos de Huss passaram a rejeitar tudo que na fé e na prática da Igreja Romana, não se encontrasse na Bíblia. Huss foi condenado como herege pela Igreja Romana e sentenciado a morte foi queimado em 6 de julho de 1415. Seus seguidores, após sua morte, formaram uma organização religiosa chamada de “Irmãos Boêmios” ou “Irmãos Unidos”. Desse grupo surgiu a mais famosa igreja missionária da história, a Igreja dos Morávios.

Wycliff e Huss foram importantes líderes de sua época e contribuíram para que a Reforma Protestante acontecesse no século XVI. Ambos foram influenciados pela leitura da Bíblia, da Escritura Sagrada. A Palavra de Deus mostrou-se mais uma vez na história, ser poderosa para influenciar e transformar vidas. Que essa mesma influência e poder se faça sentir em nossos dias e em nossa vida.

Os Precursores da Reforma Protestante: Os Valdenses



Neste mês comemoramos 503 Anos da Reforma Protestante. A data de 31 de outubro de 1517, refere-se ao ato de Martinho Lutero, afixar as suas 95 Teses na Capela de Wittenberg, na Alemanha, condenando diversos ensinos católicos. É claro, que a Reforma Protestante, não ocorreu somente devido a este ato de Lutero, antes, ela foi resultado da grande insatisfação que existia dentro da Igreja Romana. Várias eram as causas para essa insatisfação: 1. Espírito Nacionalista: desejo das nações de se libertarem da interferência papal; 2. Decadência Espiritual da Igreja: imoralidade do clero, superstição e misticismo; 3. Povo abandonado: descaso da igreja para com o povo, que não recebia assistência espiritual; 4. Queda Papal: disputa política dentro da igreja, bem como disputas entre o papado e os reis; 5. Inquietude social: revolta de camponeses contra a opressão dos fazendeiros e revolta contra a igreja por ser indiferente a essa situação. Tal insatisfação gerou diversos movimentos de protestos, liderados por homens, que se tornaram personagens importantes, a quem chamamos de Precursores da Reforma Protestante. Esses movimentos de protestos, ocorreram durante os séculos 12 à 16, culminando na Reforma Protestante.
Um desses movimentos de protestos foi encabeçado pelo grupo que recebeu o nome de Valdenses. Este grupo tinha esse nome por causa de Pedro Valdo, um rico comerciante que vivia em Lyon, na França, em 1176. Pedro Valdo começou a dar atenção e a praticar os ensinamentos bíblicos, especialmente de Mateus 10. Colocando em prática os ensinamentos de Jesus neste texto, vendeu todos os seus bens, distribuindo o valor para os pobres e começou a pregar o Reino de Deus e a estudar o Novo Testamento. Tão logo iniciou suas pregações, começou a ter seguidores e muitos admiravam-se da sua fé.
Para os Valdenses, a Bíblia era a única regra de fé e prática. Como resultado, começaram a combater os ensinos da Igreja Romana, que consideravam contrários a Bíblia, tais como: 1. O ensino da tradição como superior a Bíblia; 2. O ensino do purgatório; 3. A missa e orações pelos mortos;  4. O culto à Maria; e etc.
A Igreja Romana, tão logo tomou conhecimento dos ensinos de tais opositores, tomou providências na tentativa de os fazer calar. Valdo e seus seguidores foram excomungados da Igreja Romana em 1184 pelo Papa Lúcio III. Contudo, tal providência, não foi suficiente para calar os Valdenses. Eles continuaram a pregar e se organizaram numa igreja à parte da Igreja de Roma. Apesar de constantemente terem sido caçados pela Inquisição, eram intensamente ativos na pregação do Evangelho e na distribuição de porções bíblicas na língua do povo. Até hoje os valdenses podem ser encontrados no sudoeste de Turim, Itália.
Ao lembrar dos Valdenses, agradeçamos a Deus, por não permitir que sua Palavra ficasse esquecida. Mesmo em meio a circunstâncias sombrias e desfavoráveis à Igreja de Cristo, Deus despertou pessoas, para que movidas pelos ensinamentos do Evangelho, fizessem propagar a sua Palavra.

sábado, 2 de setembro de 2017

No que depende de mim, estou pronto...

O apóstolo Paulo em Romanos 1.15, demonstra a prontidão que tinha para a anunciar o evangelho de Cristo aos habitantes de Roma. Esta prontidão que Paulo nutria com respeito a pregação do evangelho, era fruto de sua convicção, de ter sido chamado para ser apóstolo. Pesava sobre Paulo o dever que tinha de anunciar o evangelho (1Co 91.16).
Semelhante a Paulo, o Rev. Ashbel Green Simonton, teve o mesmo sentimento. Depois de sua conversão resolveu cursar o Seminário, preparando-se para o ministério pastoral. No Seminário, no dia 14 de outubro de 1855, depois de ouvir um sermão proferido por seu professor o Dr. Charles Hodge, sentiu-se despertado pela necessidade de pregar o evangelho aos pagãos e passou “a pensar seriamente no trabalho missionário no estrangeiro” (O Diário de Simonton. Cultura Cristã, 2002, p. 96). Em 10 de outubro de 1857, Simonton escreve a respeito de sua decisão de ser missionário: “No que depende de mim, estou pronto para partir; e sinto, mais do que nunca, ser este o caminho de meu dever” (O Diário de Simonton, p. 110).
É claro que o dever de pregar o evangelho, que Paulo e Simonton tinham sobre seus ombros, não se trata de um dever exclusivo, daqueles que são chamados e separados para o ministério pastoral e missionário. Todos os crentes, independentemente se são ou não vocacionados para o ministério pastoral ou missionário, são chamados por Cristo para serem suas testemunhas fiéis e desta forma, possuem também o dever de pregar o evangelho (Mt 28.18-120; At 1.8).
Esta obrigação que temos, que recebemos por ocasião de nossa conversão, deve também, exercer sobre nós um peso, conduzindo-nos a mesma disposição e prontidão para pregarmos evangelho a toda a criatura. Cada crente é capaz de “proclamar as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.10).

Que a declaração do apóstolo Paulo, repetida mais tarde por Simonton, seja também a nossa: “No que depende de mim, estou pronto”.

O Cristão e a Internet

Não é incrível o avanço que tivemos com o surgimento da internet? Muitos foram os ganhos que tivemos com o seu surgimento e propagação. Lembro-me que, em 1999, quando pastoreava na cidade de Miracatu-SP, tive que mandar um arquivo eletrônico para um conhecido. Como eu não tinha internet em casa, pois, não havia chegado ainda em tal cidade, tive que gravar o arquivo em um disquete e enviá-lo por carta pelo correio. Isto é algo inimaginável em nossos dias.
Com a chegada da internet e com o uso que fazemos de suas várias ferramentas e redes sociais, tivemos uma reviravolta na maneira como vivemos e nos relacionamos. Hoje, conseguimos acessar informações, que nunca antes fora possível, em pequeno espaço de tempo e com apenas um clique. Mantemos contato diário e constante com parentes e amigos, que estão a quilômetros de distância, o que antigamente só era possível por telefone (e custava caro) ou carta (e demorava bastante). Através das redes sociais, conseguimos propagar ideias, evangelizar, divulgar princípios bíblicos, ouvir bons pregadores e etc. Hoje, muitos nem conseguem imaginar o que seria viver sem internet. Só quem viveu no período pré-internet sabe o que é essa experiência.
No entanto, apesar dos avanços e dos ganhos que tivemos, a internet tem sido um meio utilizado para o mal ou mal utilizado. O poder do mal, das transgressões, da vaidade humana, e ou do pecado, têm sido potencializados. Pense por exemplo, na fofoca ou na maledicência. Antigamente, qunado não havia internet, falar mal de alguém tinha um alcance bem mais limitado. Hoje, quando falamos mal de alguém ou divulgamos pelas redes sociais uma fofoca, ou emitimos uma opinião que afeta a imagem de alguém, isto tem um alcance tremendo e o seu estrago é muito maior.
O incrível de tudo isso, é que muitos cristãos, não conseguem entender, ou não ligam, ou não se apercebem, que no ambiente virtual não vale tudo. Muitos acham que estão vivendo num mundo paralelo, num ambiente neutro, onde não precisam aplicar os princípios e ensinamentos cristãos. Nunca antes na história, a ficção da trilogia de Matrix foi tão real. Mesmo na ficção, como no filme de Matrix, aquilo que acontecia dentro de um programa de computador, dentro de uma rede específica, embora ocorresse num ambiente virtual, ainda sim, afetava realmente a vida de seus personagens. Alguém, na batalha virtual contra o domínio das máquinas, poderia morrer realmente, mesmo estando só conectado. Nos esquecemos muitas vezes, que quem está na frente da tela digitando ou postando e quem está do outro lado lendo ou acessando, continuam sendo pessoas reais, detentoras de sentimentos, coração, alma, ou seja, são pessoas de carne e osso, e que serão afetas, seja para o bem, seja para o mal, por nossas “ações virtuais”.
Desta forma, aqueles que professam a fé cristã, devem ter mais cuidado com o uso de tal tecnologia. Mesmo sendo um ambiente virtual, não se esqueçam de que, ainda sim, ali, os pecados são reais e a gravidade de nossos atos podem ser potencializados, agravando a nosso culpa. Mesmo em um ambiente virtual, nossa santificação e obediência a Cristo e a sua Palavra, devem ser reais. Sendo assim, vale ali, o mandamento de Cristo Jesus: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48).

Por que não evangelizamos?

Não sei por qual razão, não evangelizo mais do que tenho feito. Na verdade minha experiência nesta tarefa sempre foi agradável. Apesar de ter tido algumas reações desfavoráveis e antipáticas, por parte de algumas pessoas que abordei, no entanto, na maioria das vezes as pessoas foram receptivas, educas e algumas vezes gratas pelas palavras que ouviram.
Sempre voltei de um trabalho de evangelização de rua – aquele que é feito porta em porta – contente, satisfeito, com a sensação de dever cumprido e com vontade de participar de outro. Isto me ocorre todas as vezes que compartilho com alguém o Evangelho de Cristo, seja num trabalho específico de evangelização, seja em alguma outra oportunidade. Este sentimento de satisfação,  pude perceber também em outros irmãos que se envolveram com esta tarefa.
No entanto, percebo que apesar de tais sentimentos – que a princípio deveriam nos estimular a evangelização – evangelizamos menos do que deveríamos.  Por que será? Por que é tão difícil começarmos a evangelizar? Por que nos empenhamos tão pouco nessa tarefa?
Possivelmente uma resposta a estes questionamentos esteja no fato de que a evangelização, não faça parte de nossas prioridades de vida.  Ou quem sabe achamos que não se trata de uma tarefa nossa, ou quem sabe pensamos que seja opcional.
Precisamos entender que evangelizar não se trata de uma tarefa opcional. Evangelizar é uma tarefa que tem haver com o DNA do cristão. Somos chamados por Cristo para sermos seus discípulos. O discípulo deve agir, pensar e se conduzir conforme seu mestre. Logo, se somos discípulos de Cristo ele é nosso mestre. Sendo assim devemos fazer o que ele nos manda fazer.
Evangelizar é uma ordem, portanto precisamos cumpri-la. Precisamos fazer da evangelização um estilo de vida. Não só atender a convocação da igreja, quando convoca seus membros para um dia especial de evangelização, com entrega de folhetos, por exemplo. A evangelização deve ser um estilo de vida. Devemos estar sempre prontos para evangelizar. No trabalho, na escola, no supermercado, etc. Uma forma de evangelizarmos ou termos isto como meta é estabelecer relacionamentos com as pessoas ao nosso redor.
No livro O Evangelho e a Evangelização, Mark Dever diz que precisamos planejar parar de não evangelizar. Ele sugere  doze passos para isso: orar, planejar, aceitar, entender, ser fiel, correr o risco, preparar, ver, amar, temer, parar e considerar.
Planeje evangelizar. Ore para que Deus lhe dê oportunidades para evangelizar. Aceite esta tarefa que é sua. Entenda que é seu dever. Seja fiel a Deus nesta área. Corra o risco a fim de evangelizar. Veja o que Deus está fazendo dando-lhe oportunidades de evangelizar. Ame as pessoas e compartilhe com elas a verdade do evangelho. Tema a Deus e não aos homens. Pare de se isentar da sua responsabilidade. Considere o que Deus fez por você em Cristo, seja-lhe grato e o glorifique na evangelização.
Sigamos os passos sugeridos e façamos da evangelização um estilo de vida e decidamos parar de não evangelizar.