João inicia seu Evangelho falando acerca da encarnação do Verbo de Deus. Ele identifica o Verbo de Deus, a Palavra de Deus que
esteve presente na criação com Cristo Jesus. Ele procura combater uma heresia
que surgira no seu tempo, conhecida como docetismo, que ensinava que o Cristo
tinha apenas aparência de homem. Tal heresia ensinava, que o Cristo não era
homem de fato.
João começa demonstrando que aquele que esteve entre eles se fez homem.
Em sua primeira epístola, João demonstra que o Verbo da Vida foi visto, apalpado, portanto, deixando claro ser ele
de fato homem de carne e osso. Ele está afirmando que o Verbo de Deus, Deus mesmo, se tornou um de nós. Ele assumiu a
natureza humana tornando-se um como os homens, sujeitando-se à todas as
debilidades a que estamos sujeitos, porém sem pecado. Cristo sentiu fome, sede,
sono, e foi tentado a nossa semelhança (Mt 4.1-11).
Cristo se tornou
homem, para que pudesse sofrer no lugar de homens. O autor de Hebreus vai dar
ênfase a essa doutrina da encarnação, demonstrando esta identificação com a
humanidade, assumida por Cristo, por causa da encarnação. Ver Hebreus 2.14-18;
4.15. Como decorrência desta doutrina, o autor de Hebreus nos encoraja a
confiar em Cristo Jesus. A conclusão é a seguinte: se ele sofreu como nós,
portanto, ele pode nos socorrer.
João também afirma, que Cristo estabeleceu morada aqui entre nós. No
deserto, no tabernáculo, Deus habitava com seu povo, assim também, e de forma
mais plena Cristo veio “tabernacular” entre nós, ou seja, fazer residência.
Na nossa versão a frase “cheio de graça e de verdade” é vinculada ao Verbo. No entanto, há evidências que no
original grego tal frase possa ser vinculada a glória de Deus. Moisés quando pediu
para ver a glória de Deus, recebeu a seguinte resposta: “Farei passar toda a
minha bondade diante de ti e te proclamarei o nome do Senhor; terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me
compadecer” (Ex 33.19).
Desta forma, a glória de Deus pode ser vista em sua bondade e verdade.
Isto é importante para nós, numa época em que as pessoas desejam ver a glória
de Deus. A glória de Deus pode ser vista no fato dele manifestá-la em seu filho
por meio de sua bondade e verdade. Moisés viu a glória de Deus e clamou:
“Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia
e fidelidade” (Ex 34.6). A glória que Moisés viu se revelou de forma mais plena
na pessoa de Cristo Jesus, o Verbo de Deus. Esta glória pode ser vista por nós
na misericórdia e bondade que nos têm sido manifestadas na salvação que nos chegou.
Temos visto a glória de Deus revelada em Cristo Jesus e a temos conhecido, por
meio de seus feitos salvíficos.
Que conforto para nós saber que temos um salvador, o Deus encarnado,
que se compadece de nós, pois é um igual a nós. Que sofreu o que sofremos e
pode nos socorrer. Que conforto é saber que Deus veio fazer morada conosco e
que hoje habita em nós pelo seu Espírito. Que maravilha poder contemplar a
glória de Deus por meio de sua bondade e verdade.
Pr. Valdemar A. S. Filho