sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dinheiro é Uma Questão Espiritual

“Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males [...].” (1Tm 6.10a)

Pode parecer estranho para alguns o título desta pastoral, contudo, se analisarmos bem a questão levantada, concluiremos que de fato, “Dinheiro é Uma Questão Espiritual”. Os Guinness em seu livro “O Chamado” (p. 142), editado pela Cultura Cristã, trata sobre esse assunto e faz algumas afirmações importantes conforme se segue: “No centro do significado do dinheiro estão numerosas perguntas, tais como: ‘Por que há um problema?’. É significativo que o domínio do dinheiro na sociedade moderna coincida com o desaparecimento do pensamento moderno sobre a questão da avareza [...] Através da história o problema mais universalmente reconhecido do dinheiro era que sua procura é insaciável. Enquanto procuramos dinheiro e possessões, notam os observadores, a busca se torna em desejo jamais satisfeito que alimenta a avareza – descrita na Bíblia como a vaidade de ‘correr atrás do vento’, e pelos modernos como um vício. A própria palavra hebraica para dinheiro (kesef) vem de um verbo que significa ‘desejar’ ou ‘almejar alguma coisa’ [...] Tradicionalmente, tem sido descrito melhor como uma forma de sede espiritual que nunca pode se saciar. Essa incapacidade toca em duas áreas: obter o que não temos e agarra-lo sem abrir mão do que temos. [...] a insaciabilidade sempre foi vista como sinal de outras necessidades – poder, proteção, aprovação, e assim em diante. [...] a insaciabilidade é muitas vezes ligada ao ser consumido. Os indivíduos e as sociedades que se dedicam ao dinheiro logo são devorados por ele”.
O que Os Guinness diz sobre a questão espiritual do dinheiro, ou seja, sobre o perigo do pecado da avareza, não se trata de uma constatação particular sua, visto que, trata-se de algo tantas vezes denunciado nas Escrituras (Mt 6.19-21, 24; 1Tm 6.10). A Bíblia fala, conforme os textos citados – e conforme outros exemplos como do homem rico (12.13-21), do jovem rico (Lc 18.18-30), de Judas Iscariotes (Lc 22.3-6), Ananias e Safira (At 5.1-11) – sobre o perigo do amor ao dinheiro, sobre a vaidade ligada as possessões, sobre o perigo de nos tornarmos materialista, consumista e tantos “istas”, que afogam a nossa sociedade e sufocam o amor. Os crentes em Cristo Jesus, devem ter um relacionamento responsável com o dinheiro. O dinheiro em si não é mau, contudo, quando mal administrado e investido em coisas supérfluas, ou não investido da forma como Deus requer, se torna um problema que pode levar a ruína espiritual.
Os Guiness em seus comentários ainda diz algo interessante: “Em nossos dias dizem que seguindo o colapso do totalitarismo soviético, o maior perigo ocidental é o ‘totalitarismo do mercado’ ou ‘imperialismo econômico’. ‘No que é que o economista economiza?’ pergunta-se. A resposta é ‘amor’. Num sistema de mercado que opera estritamente sobre lucros e perdas, uma sociedade passa a viver com menos amor que sob qualquer outro sistema. A sociedade [...] economiza no amor”.
Uma maneira de sabermos como temos lidado com o dinheiro é verificamos no que temos investido nossa renda, se em tais investimentos tem sobrado espaço para o amor, ou se somos controlados pelo desejo insaciável de ter, possuir. A fidelidade nas contribuições, ou seja, dízimos, ofertas, e outras formas de contribuição, trata-se de uma forma de regularmos nosso apego ao dinheiro e não economizarmos no amor. Geralmente, pessoas displicentes em suas contribuições, são aquelas que apresentam problemas com o dinheiro e com os males decorrentes de seu mau uso.
Que Deus nos ajude a lidarmos de forma adequada com o dinheiro. Que possamos como sermos tementes a Ele, utilizarmos os meios estabelecidos por Ele mesmo – como a contribuição por meio dos dízimos e ofertas – para não nos tornarmos avarentos e econômicos no amor.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O auditório de UM SÓ

“Sonda-me, ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos [...]” (Sl 139.23)

“A maioria de nós, quer estejamos ou não cônscios disso, fazemos as coisas com o olho na aprovação de algum auditório. A questão não é se temos um auditório mas qual o auditório, qual o ouvinte, que temos.” Esta observação, quem faz é Os Guinness em seu livro O Chamado, editado pela Editora Cultura Cristã.
Os Guinness, toca em um ponto muito importante e que raramente percebemos, ou seja, nossa preocupação em fazer as coisas de tal maneira que tenhamos a aceitação das pessoas, em vez de fazer tudo de tal maneira que seja agradável Àquele que tudo sabe e tudo vê. O que irão pensar de mim? Terei aceitação das pessoas? Essas e outras perguntas passam a determinar nossas ações e comportamento, demonstrando que buscamos aceitação de um auditório que não deveria ter a prioridade. Percebam que as perguntas deveriam ser direcionadas a outro auditório, ao auditório de UM SÓ. Deveríamos, independente da popularidade de nossas ações, se aceitas ou não pelas pessoas ao nosso redor, nos preocupar com a aceitação ou não de nossas ações perante Deus. Aquele que tudo vê, que tudo ouve, que tudo sabe, está satisfeito comigo? O que tenho feito lhe tem sido agradável? Está é a sua vontade?
Comentando Mateus 6.1-4, Os Guinness diz o Seguinte: “Jesus intensifica essa mesma ênfase. Ele lembra aqueles a quem chama que o Pai ‘sabe e ‘vê’. Deus nota a andorinha que saltita sobre o chão, e numera os próprios cabelos da cabeça de seus seguidores. Contrário ao desejo humano universal de exibir a virtude e dar a fim de ser reconhecido e honrado, Jesus requer que nossas boas obras sejam feitas em secreto. ‘Então vosso Pai, que vê em segredo, vos recompensará’”. Portanto, conforme o texto citado e o comentário que tal autor faz, a nossa preocupação com o que fazemos ou deixamos de fazer, deve estar acima de tudo, com o que Deus irá pensar, Ele que a tudo vê e recompensa, mesmo quando tal ação for realizada em segredo.
No Salmo 139, o salmista Davi demonstra que Deus é aquele que conhece todas as suas ações e que nada foge ao seu conhecimento. Conforme o Salmo, podemos entender, que para onde quer que vamos Deus ali está e conhece. Não há como fugir de sua presença e portanto, isto deve produzir em nós temor e um coração contrito: “Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.24). Tudo o que está em nosso coração e até mesmo nossa motivação para realizar algo, é por Ele conhecido. Desta forma, não deveríamos nós, nos preocupar antes com o que o nosso Deus e Senhor acha? Deveríamos temer antes a este Auditório e não nos preocupar com os demais. Muitas vezes fazer a vontade de Deus, obedecendo a sua Palavra, pode nos conduzir a impopularidade.
Com qual auditório temos estado preocupados? A quem temos demostrado obediência e a quem temos agradado?
Viver diante do auditório de UM SÓ, transforma todas as nossas realizações. Os Guinness diz ainda: “É por essa razão que o heroísmo centrado em Cristo não precisa ser notado ou publicado. Os maiores feitos são realizados perante o auditório de Um Só, e isso basta. Os que são vistos e louvados por este único Ouvinte podem se despreocupar com auditórios menores”.
Que nossa preocupação, em todas as nossas obras, seja em agradar Aquele que nos chamou para si.